A FORMAÇÃO CONTINUADA COMO ELEMENTO DE (RE)CONSTRUÇÃO DA IDENTIDADE DOCENTE NO PROCESSO DE TRANSIÇÃO DA DOCÊNCIA PRESENCIAL PARA A VIRTUAL
DOI:
https://doi.org/10.31692/2595-2498.v3i2.140Palavras-chave:
Formação de Professores, Identidade Docente, Educação a Distância, Formação Continuada, (Re)construção da identidadeResumo
O presente trabalho é um recorte teórico de uma tese de doutorado em andamento e tem como objetivo apresentar algumas considerações sobre as implicações da formação continuada no processo de (re)construção da identidade do docente que migra do ensino presencial para o virtual. Para tal, realizou-se uma pesquisa bibliográfica utilizando-se de aportes teóricos que abordam a identidade profissional docente e os processos de formação continuada, em especial, aqueles relacionados à docência online, além de retratar as suas modificações, (re)construções e repercussões nas práticas pedagógicas. Essas reflexões surgiram em meio às leituras e aos primeiros achados da pesquisa em andamento. De momento, pareceu-nos razoável afirmar que as ações de formação continuada de professores em serviço que atuam na modalidade Educação a Distância, desenvolvidas em algumas instituições, podem não possibilitar a constituição de identidades profissionais autônomas e reflexivas, mas sim a construção de identidades que seguem o modelo mais técnico. Portanto, acredita-se que os professores sinalizam a constituição de uma maior identificação com a docência na medida em que essas ações promovem espaços de interlocução em torno dos desafios e interesses no que tange à docência online. Além disso, o processo de re(construção) também dependerá da identidade já construída na docência presencial, visto que muitos professores acabam transpondo a sua prática pedagógica presencial para a virtual sem nenhuma espécie de re(construção). Ressalta-se ainda, nesta discussão, que a formação continuada influencia consideravelmente o processo de re(construção) identitária docente frente à crise identitária, a qual pode se apresentar no dia a dia durante as atividades dos professores por meio da estima de si e das incertezas que surgem no desenvolver da docência. Ademais, é preciso destacar que a transição de um professor do ensino presencial para o virtual exige muito esforço, dedicação e preparação para novos desafios. Portanto, as experiências com o ensino presencial podem contribuir ou criar resistência para a modalidade a distância, necessitando, por exemplo, da quebra de culturas educacionais adquiridas e engessadas no ensino presencial. Concluímos, então, que a (re)construção constante da identidade do professor faz parte do processo de ressignificação da sua identidade profissional e que a forma como as ações de formação continuada são desenvolvidas impacta nesse processo, visto que nesses espaços ocorre uma troca de experiências e valores, ocasionando uma identificação pessoal com um grupo/pessoa e com a cultura profissional docente, a partir da ação de interiorização e de individualização das práticas na EaD.
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