INTERSECCIONALIDADES ÉTNICO-RACIAIS E O USO DE ERVAS MEDICINAIS EM COMUNIDADES ESCOLARES
DOI:
https://doi.org/10.31692/2595-2498.v7i3.347Palavras-chave:
Ervas Medicinais, Interseccionalidade Étnico-Racial, Educação Inclusiva, Ensino de Química, Saberes TradicionaisResumo
Este estudo investiga as interseccionalidades étnico-raciais no uso de ervas medicinais em comunidades escolares, analisando como essas práticas se conectam às identidades culturais dos estudantes e suas famílias. Por meio da aplicação de questionários a estudantes do ensino médio, foram levantados dados sobre frequência de uso, fatores que influenciam a escolha das ervas e percepções relacionadas à sua sustentabilidade, eficácia e papel cultural. Os resultados revelaram uma forte influência de saberes tradicionais, transmitidos predominantemente por redes familiares, destacando a relevância do custo e da facilidade de acesso como critérios principais para o uso das plantas. No entanto, lacunas como a ausência de consultas a profissionais de saúde e a percepção limitada sobre os riscos associados ao uso de ervas indicam a necessidade de ampliar a conscientização sobre segurança e contraindicações. A análise também revelou uma coexistência de práticas modernas e tradicionais, com muitas famílias utilizando ervas em conjunto com medicamentos convencionais. Além disso, embora as práticas culturais relacionadas às ervas sejam valorizadas, muitos participantes indicaram que tais tradições são pouco reconhecidas ou respeitadas pela sociedade. Esses achados reforçam a importância de integrar esses saberes ao ensino formal, especialmente na disciplina de Química, onde é possível explorar temas como a química dos compostos bioativos, interações medicamentosas e práticas sustentáveis de manejo. O artigo propõe que o ensino de Química pode atuar como uma ferramenta transformadora, promovendo uma educação inclusiva e antirracista ao valorizar os saberes ancestrais e sua interseção com a ciência. A inclusão de projetos interdisciplinares que conectem tradição e modernidade pode fortalecer a identidade cultural dos estudantes, ao mesmo tempo em que fomenta uma visão crítica e científica sobre o uso de ervas medicinais. Por fim, o estudo aponta para a necessidade de futuras pesquisas que aprofundem a relação entre práticas culturais e modernização, ampliando o diálogo entre ciência, cultura e sustentabilidade no ambiente escolar
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Referências
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